31. A Igreja do Nazareno vê a sexualidade humana como uma expressão da santidade e da beleza pretendidas por Deus, o Criador. Todos os humanos são seres criados à imagem de Deus, e portanto, de inestimável valor e dignidade. Como resultado disto, acreditamos que a sexualidade humana destina-se a incluir mais que a experiência sensual: é uma dádiva de Deus designada para refletir na íntegra a qualidade física e relacional com que fomos criados.
31.1. Enquanto povo de santidade, a Igreja do Nazareno afirma que o corpo humano é importante para Deus. Como cristãos somos chamados e capacitados pela obra transformadora e santificadora do Espírito Santo para glorificar a Deus em e com os nossos corpos. Os nossos sentidos, o nosso apetite sexual, a nossa capacidade de experimentar prazer e o desejo de nos conectarmos com uma outra pessoa, são formados a partir do próprio caráter de Deus. Os nossos corpos são bons, muito bons.
31.2. Afirmamos e cremos num Deus, cuja criação é um ato de amor. Tendo experimentado Deus como santo amor, entendemos a Trindade como sendo uma união de amor entre Pai, Filho e Espírito Santo. Portanto, somos feitos com um anseio de nos unirmos a outras pessoas na essência do nosso ser. Esse anseio é finalmente satisfeito quando vivemos num relacionamento de aliança com Deus, com a criação e amando ao próximo como a nós mesmos. A nossa criação como seres sociais é boa e bela. Refletimos a imagem de Deus na nossa capacidade e no desejo de nos relacionarmos.
31.3. O povo de Deus é formado como um em Cristo, uma preciosa comunidade de amor e graça. Dentro desta comunidade, os crentes são desafiados a viver como membros fiéis do corpo de Cristo. O celibato entre o povo de Deus deve ser valorizado e apoiado pela generosa comunhão da igreja e a comunhão dos santos. Viver como solteiro é envolver-se, como Jesus fez, na intimidade da comunidade, cercado por amigos, acolhendo e sendo hospitaleiro e expressando testemunho fiel.
31.4. Também dentro desta comunidade, afirmamos que alguns crentes tomam a decisão de se casarem. Como foi definido em Gênesis, “deixará o o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” (Génesis 2:24). O pacto do casamento, como reflexo da aliança entre Deus e o Seu povo, é de fidelidade sexual exclusiva, serviço altruísta e testemunho social. Uma mulher e um homem devotam-se publicamente um ao outro como sinal da forma como Deus ama. A intimidade matrimonial pretende refletir a união de Cristo e a Igreja, um mistério da graça. Também é intenção de Deus que, nesta união sacramental, o homem e a mulher possam experimentar a alegria e o prazer da intimidade sexual e deste ato de amor íntimo, vida nova possa entrar no mundo e numa comunidade de cuidado afetuoso. O lar centrado em Cristo deve servir como local principal para a formação espiritual. A igreja deve cuidar da preparação para o casamento através do aconselhamento pré-matrimonial e de ensinamentos que denotem o aspecto sagrado do casamento.
31.5. A história das Escrituras, no entanto, também inclui o triste capítulo da desobediência humana na queda, resultando em comportamentos que elevam a auto soberania, danificam e tornam o outro num objeto, e obscurecem o caminho do desejo humano. Como seres caídos, experimentamos este mal a todos os níveis –pessoal e coletivo. Os principados e potestades de um mundo caído saturaram-nos com mentiras sobre a nossa sexualidade. Os nossos desejos foram torcidos pelo pecado e nos viramos para nós mesmos. Também contribuímos para a ruptura da criação pela nossa escolha intencional de violar o amor de Deus e viver nos nossos próprios termos, distantes de Deus.
31.6. A nossa destruição nas áreas da sexualidade toma muitas formas, algumas devido às nossas escolhas e outras trazidas para as nossas vidas por um mundo corrompido. Porém a graça de Deus é suficiente na nossa fraqueza, bastante para trazer convicção, transformação e santificação às nossas vidas. Portanto, para que possamos resistir ao aumento dessa destruição pelo pecado e testemunhar sobre a beleza e a singularidade dos propósitos santos de Deus para os nossos corpos, acreditamos que os membros do Corpo de Cristo, capacitados pelo Espírito, podem e devem abster-se de:
Ato sexual fora do casamento e outras formas de relacionamento sexual inapropriadas.
Porque acreditamos que a intenção de Deus para a nossa sexualidade é que ela seja vivida dentro do pacto de união entre uma mulher e um homem, entendemos que há práticas num relacionamento que, muitas vezes, levam a fazer do outro um objeto. Em todas as suas formas, também danificam potencialmente a nossa capacidade de entrar na beleza e santidade do casamento cristão com todo o nosso ser.
Atividade sexual entre pessoas do mesmo sexo.
Acreditamos que a intenção de Deus é que a nossa sexualidade seja vivida dentro da união pactual entre uma mulher e um homem; por isso cremos que a prática da intimidade sexual entre pessoas do mesmo sexo é contrária à vontade de Deus para a sexualidade humana. Porquanto a atração homossexual ou bissexual de uma pessoa possa ter origens complexas e diferentes, e a implicação do apelo à pureza sexual ser de alto custo, acreditamos que a graça de Deus é suficiente para tal apelo. Reconhecemos a responsabilidade compartilhada do Corpo de Cristo em ser uma comunidade acolhedora, que perdoa e ama, em que a hospitalidade, o encorajamento, a transformação e a responsabilidade mútua estão disponíveis para todos.
Relacionamentos sexuais extraconjugais.
Acreditamos que este comportamento é uma violação dos votos feitos diante de Deus e dentro do Corpo de Cristo; por isso o adultério é um ato egoísta, uma escolha que destrói famílias e uma ofensa a Deus, que nos tem amado em pureza e devoção.
Divórcio.
Porque se entende que o casamento deve ser um compromisso para toda a vida, quebrar o pacto do casamento, por iniciativa pessoal ou pela escolha do cônjuge, não corresponde aos propósitos de Deus. A igreja deve fazer por preservar os laços matrimoniais onde for sábio e possível, e oferecer conselho e graça àqueles que foram feridos pelo divórcio.
Práticas tais como a poligamia ou poliandria.
Acreditamos que a fidelidade de Deus se reflete no compromisso monogâmico entre marido e mulher, pelo que essas práticas destroem a fidelidade única e exclusiva pretendida no casamento.
31.7. O pecado sexual e a destruição não são apenas pessoais, mas permeiam os sistemas e estruturas do mundo. Por isso acreditamos que, à medida que a igreja dá testemunho da realidade da beleza e singularidade dos propósitos santos de Deus, ela deve abster-se e ser contra:
Pornografia em todas as suas formas, que é tendência para um comportamento desviado.
Transforma a pessoa em objeto para deleite sexual egocêntrico. Este hábito destrói a capacidade de amar desinteressadamente.
Violência sexual de qualquer forma, incluindo o estupro, agressão sexual, bullying sexual, linguagem odiosa, abuso matrimonial, incesto, tráfico de sexo, casamento forçado, mutilação genital feminina, bestialidade, assédio sexual, abuso de menores e de outras populações vulneráveis.
Todas as pessoas e sistemas que perpetuam a violência sexual transgridem o mandamento de amar e proteger o próximo. O corpo de Cristo deve ser sempre um lugar de justiça, proteção e cura para aqueles que foram e continuam a ser afetados pela violência sexual. Um menor é definido como qualquer ser humano abaixo de 18 anos, a menos que a maioridade seja atingida mais tarde de acordo com a legislação de um estado ou de um país.
31.8. Portanto afirmamos que:
Onde abunda o pecado superabunda a graça.
Ainda que os efeitos do pecado sejam universais e holísticos, a eficácia da graça também é universal e holística. Em Cristo, através do Espírito Santo, somos renovados à imagem de Deus. O que era velho já passou e tudo se faz novo. Ainda que a formação das nossas vidas como uma nova criação possa ser um processo gradativo, a cura de Deus é eficaz para lidar com a decadência da humanidade na área da sexualidade.
O corpo humano é o templo do Espírito Santo.
Afirmamos a necessidade da nossa sexualidade estar em harmonia com a vontade de Deus. Os nossos corpos não nos pertencem, mas foram sim comprados por um preço. Portanto, somos exortados a glorificar a Deus em nossos corpos, através de uma vida submissa à obediência.
O povo de Deus é caracterizado por amor santo.
Afirmamos que, acima de todas as virtudes, o povo de Deus deve revestir-se de amor. O povo de Deus sempre acolheu as pessoas destroçadas nas suas reuniões. Esta hospitalidade cristã não é nem uma desculpa para desobediência individual, nem uma rejeição de participar de maneira redentora no discernimento das raízes da destruição. Restaurar os seres humanos à semelhança de Jesus requer confissão, perdão, práticas formativas, santificação e conselho divino – mas acima de tudo, inclui o acolhimento de amor que convida a pessoa destroçada para dentro do círculo da graça, conhecido como igreja. Se falharmos em confrontar honestamente o pecado e a corrupção, não estamos amando. Se falharmos em amar, não podemos participar na cura de Deus para a situação de decadência.
31.9. À medida que a igreja global recebe e ministra aos povos do nosso mundo, a aplicação fiel dessas declarações nas congregações é complexa e deve ser exercida com cuidado, humildade, coragem e discernimento.